terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sem Noção

Ontem, 10 de janeiro de 2011, ouvi e vi Roberto Da Matta, antropólogo brasileiro considerado um dos grandes intérprete “do ser brasileiro”, no Roda Viva, na TV Cultura.
Algumas coisas que ouvi foram muito interessantes, como por exemplo, que o que falta ao brasileiro é ter bom senso, ou seja, aquilo que qualquer um deveria entender ou perceber como óbvio, mas que sabemos que a grande maioria não percebe mesmo, pois não tem noção do que se trata, ou não tem o mínimo desenvolvimento do pensar para poder perceber.
Fiquei pensando, porque os brasileiros são tão “sem noção”, como a meninada costuma dizer, será o modelo de colonização, o caldo cultural ibérico, a origem escravocrata da sociedade, que insiste em dividir a sociedade em escravos e aristocracia rural, a passagem de uma sociedade rural para uma sociedade urbana, porém sem a formação e talvez consolidação de uma burguesia, não sei. Mas gostaria de estudar mais para entender.
Outra coisa, muito interessante também, foi sua abordagem sobre Educação, na qual destacou que o Brasil insiste em não observar o que outros países fizeram para se desenvolver, ou seja, investiram na Educação, porém através de ações quase óbvias, começando pela valorização do professor, os melhores alunos eram encaminhados para a docência e não aquela história que quem vai fazer Pedagogia é quem não tem dinheiro para pagar outro curso. É só comparar: quanto custa a mensalidade de um curso de engenharia, mais R$1.000,00, e quanto o curso de Pedagogia? Tem até de graça. Por aí se vê porque o brasileiro é sem noção, acredita que formar engenheiros é muito mais importante que pessoas que façam as outras desenvolverem a capacidade de pensar. Tem muita gente sem noção neste país.
Este país tem que parar de se esmerar em ações pirotécnicas para resolver suas mazelas e, apenas, fazer aquilo que é o óbvio ululante (como diria Nelson Rodrigues) como disse Roberto Da Matta, “é preciso valorizar o professor, pois ele é motor do desenvolvimento de um país” .