Muitas vezes temos a impressão
que apenas estamos passando pela vida. Acreditamos que nada de bom fizemos, que
nossa falta não será sentida, que nosso trabalho não é ou foi reconhecido.
Para os cidadãos “normais”
isso pode ser um problema, mas quando esse “cidadão” é um professor a coisa
fica muito mais séria, pois nem sempre vemos os frutos de nosso investimento,
em horas e horas lendo para nos atualizar, nas horas e mais horas de preparação
de provas e atividades, e depois mais
horas para a correção de tudo, das longas horas para entendermos aquela bendita
letra, daquele menino que pensa que
letra é um código secreto que ninguém consegue decifrar, e muitas vezes
nem ele próprio.
Afinal, para que vivemos se o
fruto de nosso trabalho não é valorizado nem pelos alunos nem pelos pais. Será
que tudo é em vão? Será que nada de nós ficou? Será que a única alegria é
quando o sinal toca e os alunos saem todos correndo?
Todo ser humano deixa algo
para os outros, seja o sorriso na manhã tristonha, seja o bom dia no início do
trabalho, uma palavra que pode ser a chave de entendimento de um problema, ou
mesmo do universo. Há pessoas que todos reconhecem especiais por suas atitudes,
pois congrega pessoas ou catalisa opiniões. Existem aqueles que ficaram até na
História, que são estudados e cobrados em vestibulares.
Porém existem aqueles que
encaram o ser humano diante de si como
uma responsabilidade, e ao menor deslize dele nos faz sofrer, nos preocupar.
Faz com que procuremos saídas, possibilidades, pois não queremos perder, não
queremos falhar. Pode parecer muito estranho, pois parece ser só um trabalho, uma atividade, uma
ocupação. Não no caso do professor, pois nossa profissão não pode ser igual as
outras, pois o nosso “produto” é o ser humano que ainda não se formou.
Todos os que passam pela nossa
vida nos marcam, queiramos ou não. No caso do relacionamento entre professor e aluno é, por vezes, uma
incógnita, pois o ser humano tem vontade própria, ele decide se vai nos ouvir,
se vai nos dar razão ou se vai ignorar
nossas orientações. Além disso, eles vão continuar suas vidas e nem sempre
saberemos quais foram suas escolhas.
Todavia há surpresas, boas
surpresas, quando alguém revela através de uma palavra, de um gesto, de um
olhar, que você o marcou. E ninguém marca ninguém sem ser marcado, pois o
relacionamento entre seres humanos é de mão dupla, ninguém passa por você, sem
de algum modo, fazer a diferença.
Portanto, somos formados ao
longo de nossas vidas pelas pessoas com as quais cruzamos. Ninguém é o que é
sozinho. Quanto ao professor, somos nós e as marcas de nossos alunos. Somos
professores!